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Afinal quem é Usuário de drogas? Quem é Traficante de drogas?

Atualizado: 15 de jan. de 2020


Entre os aspectos que formam a com­ple­xi­da­de da prática penal está a di­fe­ren­cia­ção entre o tra­fi­can­te e o usurário de drogas. A Lei nº 11.343/06, co­nhe­ci­da como “Lei de Tóxicos” ou “Lei de Drogas”, inclui em seus artigos 28 (usurário) e 33 (tráfico) as condutas de “adquirir”, “ter em de­pó­si­to”, “guardar”, “transportar”, “tra­zer con­si­go” alguma substância em de­sa­cor­do com de­ter­mi­na­ção le­gal.

É ne­ces­sá­ria a perspicácia de distinção por parte do operador do direito di­an­te das fi­gu­ras do “usu­á­rio” e do “tra­fi­can­te”, ao passo que há atos que podem ser, ao mesmo tempo, qua­li­fi­ca­dos como de uso e de tráfico, por ocasião de existir “verbos” iguais, por exemplo, “adquirir”, tanto no artigo 28, quanto no artigo 33.

Con­si­de­ran­do-se es­te con­tex­to, a in­ter­pre­ta­ção de “ad­qui­rir”, “guar­dar”, “ter em de­pó­si­to”, “transportar” e “tra­zer con­si­go” de­pen­de di­re­ta­men­te da in­ves­ti­ga­ção re­la­ti­va ao des­ti­no dos en­tor­pe­cen­tes, isto é, a droga é para uso ou exercício da traficância? Des­tar­te, não é su­fi­ci­en­te a apreensão das drogas para ca­rac­te­ri­zar, de plano, o tráfico.

Portanto, se elementos da apreensão não pos­si­bi­li­tam a conclusão ime­di­a­ta se a dro­ga é para con­su­mo ou distribuição, faz-se ne­ces­sá­rio analisar os seguintes, e principais, itens fi­xa­dos pela Lei de Drogas: a quantumnidade de en­tor­pe­cen­te; o local e condições em que se de­sen­vol­veu a ação cri­mi­no­sa; circunstância da prisão; a conduta e os an­te­ce­den­tes do agente.

Neste sentido, qua­li­fi­ca-se usu­á­rio quando há uma pequena quan­ti­da­de de drogas, enquanto o réu não tem an­te­ce­den­tes criminais, bem como se o local evi­den­cia que a dro­ga é para uso.

Entretanto, pleiteia-se a seguinte hi­pó­te­se: Mévio, primário, co­nhe­ci­do tra­fi­can­te da ci­da­de, é pego com 10 “pinos” de co­ca­í­na, pe­san­do 4,0 gra­mas (pe­so pro­por­ci­o­nal ao con­su­mo próprio), pró­xi­mo a uma “biqueira”. Nes­se ca­so, aos olhos da le­gis­la­ção, Mévio irá encaixar-se como tra­fi­can­te ou usu­á­rio? Resposta: não há uma equação ma­te­má­ti­ca, mas, re­por­tan­do-se a in­da­ga­ção ex­ter­na­da no iní­cio do tex­to, ora, “para uso ou dis­tri­bui­ção”, po­de-se res­pon­der que Mévio será tido como tra­fi­can­te.

Desse modo, um in­di­ví­duo que com­pra du­zen­tos gra­mas de ma­co­nha pa­ra uso po­de comprar a mesma quan­ti­da­de pa­ra fraccionar em “buchas” pa­ra vender. Expõe-se as­sim a del­ga­da linha que dis­cri­mi­na o usu­á­rio do tra­fi­can­te.

Por fim, a sub­je­ti­vi­da­de dos critérios que di­fe­ren­ci­am o usu­á­rio do tra­fi­can­te contribui pa­ra a se­le­ti­vi­da­de do sistema penal, ao passo que o “pobre” quase sempre será flagrado em pe­ri­fe­ria, na re­gi­ão da bo­ca de fu­mo, por­tan­do de­ter­mi­na­da quantia em dinheiro de uma renda que não consegue justificar e/ou drogas no bolso, qua­li­fi­can­do-o, na prática, sempre como tra­fi­can­te. É per­ti­nen­te a reflexão.

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